sexta-feira, 25 de maio de 2012

Poema de Carlos Drummond

A castidade com que abria as coxas 

e reluzia a sua flora brava. 
Na mansuetude das ovelhas mochas, 
e tão estrita, como se alargava. 

Ah, coito, coito, morte de tão vida, 
sepultura na grama, sem dizeres. 
Em minha ardente substância esvaída, 
eu não era ninguém e era mil seres 

em mim ressuscitados. Era Adão, 
primeiro gesto nu ante a primeira negritude de corpo feminino.



Roupa e tempo jaziam pelo chão. 
E nem restava mais o mundo, à beira 
dessa moita orvalhada, nem destino. 
Carlos Drummond de Andrade "O Amor Natural"

2 comentários:

  1. Lindo...de resto, adoro Carlos Drummond.
    Beijinhos e bom fim-de-semana!
    :)))

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  2. Já somos dois a adorá-lo. Nunca é demais divulgar a sua obra.
    Um abraço

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